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10/05/2017

Meu Querido Santo Antônio

Santo Antonio de Pádua, no Livro de Horas de Dom Duarte - 1430 (Museu da Torre do Tombo)

Antonio Rocha
Belo dia, na juventude, descobri que eu me chamava Antonio, por causa de meu pai que também se chamava Antonio (ambos sem acento).
Como se não bastasse, meu pai se chamava Antonio devido a Santo Antonio de Pádua. Uma amiga foi na Itália e ao voltar me disse que, em italiano era Santo Antonio de Padova, me trouxe até um belo cartão da Basílica do meu xará, escrevo respeitosamente. E é justamente este diálogo aparentemente informal, mas que evidencia a minha devoção ao citado Amigo.
Depois que eu e Heloisa moramos em Lisboa, passei a chama-lo Antonio de Lisboa. E um amigo lisboeta me dizia que os lisboetanos (para rimar com os tibetanos, que os portugueses descobriram) dizia-me:
“Quem nasce em Lisboa, é alfacinha, ó pá!”.
Simplifiquei então para Santo Antonio ou simplesmente Antonio de Lisboa. Meu nobilíssimo colega de título. Ele é um Doutor da Igreja, e eu, academicamente, sou um DDD = Doutor do Dharma (Doutrina) de Buddha. Sou um budista que tem um apreço infinito por Antonio de Lisboa = Toninho, Tuninho, Toni = respeitabilíssimo !
“Ele ajuda a encontrar coisas para nós”. Assim ouvi uma vez. Sabia de tudo isso e nunca tinha pedido nenhum favor a ele.
Então, a minha filha era pequena, talvez uns cinco anos. Saímos para passear e só no final da tarde, já escurecendo, ao voltarmos nos depararmos com a realidade. Por algum motivo, nossa filha pegou a chave da casa, foi brincar e saímos.
Chegamos e... cadê a chave? Nessa época não existia telefones celulares, precisávamos ir na vizinha telefonar para um chaveiro vir abrir a porta e fazermos novas chaves.
Antes, porém, lembrei do meu Amigão Santo Antonio. Mentalmente falei: “Nunca pedi nada ao Senhor, esta é a primeira vez, então, por favor, Antonio de Lisboa, se esta chave está em nosso quintal me avise e daqui para frente vou lhe pedir sempre novas bênçãos”.
Dito e feito. Nossa casa tinha um terreno grande e Heloisa em um trecho fazia horta. Era a época das abóboras, lindas e viçosas, espalhando-se pelo pedaço de quintal.
Ouvi uma voz, que atribuí a Santo Antonio: “Vai lá na horta”. Obediente fui. Parei no meio dos canteiros e disse: “Pronto Santo Antonio cá estou eu”.
- Olha debaixo da folha de abóbora que está ao seu lado.
Olhei e... lá estavam as chaves. Agradeci bastante e declarei:
- O senhor sabe que eu sou budista, mas serei eternamente seu devoto.
Acredite quem quiser. Acredite se quiser.
Passei a divulgar o fato, sempre como uma forma de agradecimento. Desde então pedia ao Tonhão qualquer coisa que precisava – desde que fosse ética – e sempre recebi ótimos resultados.
Certa feita contei o caso para um capitalista e ele me disse: “Então é o melhor investimento”. Volta rapidinho triplicado pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Quando nós tínhamos carro eu já saía de casa pedindo a Santo Antonio uma vaga em tal rua para estacionar. Invariavelmente conseguia. Às vezes eu dava a volta no quarteirão e ao chegar no local, lá estava a vaga maravilhosa.
“Mesmo que você não tenha religião, não acredite em nada”, falei outro dia para um conhecido. Pode mentalizar Santo Antonio que o resultado é batata, como se dizia antigamente, Funciona mesmo.
Depois aprendi que na Bélgica, século XVIII, nasceu uma corrente espiritualista chamada Antonismo ou Antoinismo, como dizem os espanhóis. Virei fã de todos os Santos Antonios da Cristandade. Adiante conto mais.


6 comentários:

  1. Moacir Pimentel10/05/2017, 13:24

    Antônio,
    Como perguntar respeitosamente não ofende peço-lhe por favor informar se tem conhecimento das origens da fama de casamenteiro de Santo Antônio. Na t'rrinha as moças fazem promessas, tiram a pequena figura do Menino Jesus da imagem do santo, prometendo devolver só quando arranjarem marido e os namorados oferecem potes de alecrim tanto ao Santo quanto aos amados com quem querem casar. No Brasil, principalmente no Nordeste, rolam outros costumes mas Santo Antônio também opera como cupido.
    Por que seria?
    Obrigado
    Abraços

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  2. 1) Gratidão Moacir, estou te devendo o comentário de ontem, fá-lo-ei breve...

    2)Penso que a fama de casamenteiro é porque ele tem a Energia do Encontro, ele encontra o que a pessoa pede. E se, em geral, as mulheres, pedem um cônjuge, ele encontra o "gajo" como dizem nossos queridos portugueses.

    3)Digamos que eu sou um estudante de Antoniologia, já li algo a respeito sobre os casórios. Vou pesquisar e depois conto em outro post.

    4)É só pedir que ele encontra. É um encontreiro, um encontrador.

    5) Eu já fiz uma oração ao Santo Xará para ele encontrar um marido para uma conhecida e funcionou.(Fui apenas um orante, o Digníssimo Antonio que realizou a bênção). Ainda hoje são casados e presbiterianos... por isso intercedi ...pois protestantes não pedem nada aos santos católicos...

    6)Tenho outras historietas, depois conto. Lembrando que hoje é Lua Cheia do mês de maio, é a chamada Festa do Vesak:nascimento, iluminação e nirvana de Buda...

    7)Gratidão Mano pela postagem hoje... um detalhe importante para mim, ninguém é obrigado a acreditar: Santo Antonio em uma encarnação anterior foi Ananda, primo-irmão de Buda... e um dos principais discípulos de Sidarta Gautama Buda.

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  3. Olá Antonio(sem acento!)
    Boas histórias.
    Também vou fazer pesquisa com você: e o São Longuinho, ele ajuda a achar coisas.É o mesmo santo, ou invenção do povo?
    Bela lua, hem? A que brilha aqui é a mesma que brilha aí. Não é chic demais?!
    Até as outras histórias.

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    1. 1) Oi Ana, o São Longuinho é outra pessoa. Também funciona para encontrar coisas e/ou pessoas.

      2)A questão é que uns tem uma afinidade com determinado santo, outras pessoas afinidades com outros santos.

      3) São Longuinho foi o soldado romano que se chamava Longinus, existiu sim,um dos que crucificaram Jesus. Vcs estão me fornecendo ótimas idéias para futuros artigos.

      4)Feliz Lua Cheia para todos nós ! Feliz Vesak !

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  4. Antonio, sua amizade com Santo Antonio deve estar causando ciúme em Santo Expedito, tradicionalmente o santo das causas perdidas entre os católicos :)
    Aqui para os meus lados as moças casadouras costumavam pegar a imagem de Santo Antonio e vira-la de cabeça para baixo, deixando-a assim de castigo até encontrarem um candidato... Não sei se o costume ainda perdura. E lá nos pagos do Chicão quem perde alguma coisa reza para o Negrinho do Pastoreio e acende uma vela por ele para Nossa Senhora. O fato é que estamos sempre todos procurando ajuda para encontrar alguma coisa que nem sempre sabemos bem o que é.

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    1. 1) Oi Wilson, os Santos são democratas e amigos, compartilham uns com os outros as tarefas.

      2)Uma vez uma parenta colocou a imagem de Santo Antonio de cabeça para baixo dentro de um copo d´água.
      Quando vi, exclamei: "Coitado ! Vc gostaria de ficar de cabeça para baixo dentro de um balde com água?". Ela tirou, deixou-o em um altar como ensinei, conversava com ele normalmente, logo depois casou e estão casados até hoje.

      3)O Negrinho do Pastoreio é um Espírito que também ajuda, é só ter fé, afinidade e pedir.

      4)Assumidamente eu sou um grande pidão (como se dizia antigamente) e há uma razão científica para isso: Quando pedimos estamos trabalhando o nosso inconsciente, uns chamam de subconsciente. Isso está no reino dos Poderes da Mente.

      5) Comigo funciona que é uma maravilha ! Vivo treinando a mente quase que 24 horas por dia.

      6)Ensinei minha filha desde pequena e ela já está dando dicas para minha neta.Ensinei ao meu genro tb. É um barato !

      7) Santo Expedito era um soldado, então ele é um dos meus "seguranças". Minha amizade com ele é na área de proteção.

      8)A abordagem que faço com os santos e anjos e similares é diferente dos católicos, em alguns pontos parecida, em outros não.Mas respeito-os profundamente.

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